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sexta-feira, 23 de setembro de 2016

Algo sobre o Belo - Alberto Buela

Algo sobre o Belo

Por Alberto Buela

           Três diletos amigos meus, pensadores e dos bons, o espanhol Javier Ruiz Portella, diretor do periódico El Manifesto; o português Duarte Branquihno, diretor de O Diabo e o francês Alain de Benoist, diretor das revistas Krisis y Élements, se reuniram em Paris na realização de um colóquio para falar "contra a feiura e pela beleza."

            Que extraordinário! Que fora do comum! Coisas como esta preenchem de entusiasmo e alimentam o espírito. Nos afastam do derrotismo natural a que nos leva a nossa sociedade de consumo e nos insuflam forças para seguir nesta luta desigual contra a vulgaridade, a chatice, o profano, a estupidez, a feiura, o mau gosto e as mil agressões que sofremos diariamente tanto da mídia como dos cartazes e das janelas da rua.

            Há vinte e cinco século e atribuído a Platão, se vem repetindo na tradição filosófica do Ocidente que a beleza é o esplendor da verdade (splendor veri). Esta frase contém dois termos: esplendor e verdade. O esplendor não é um resplendor difuso, mas um fulgor de luz que emana da coisa bela e a verdade é o que brilha. A obra de arte é então aquela através da qual brilha a verdade. E para os gregos a verdade αλετεια (aleteia) que significa desocultação, revela, tirar o véu que cobre a essência das coisas. E é este des-ocultar que produz a obra de arte que faz Heidegger afirmar: "Na obra de arte foi posto em operação a verdade do ente. A obra de arte abre a seu modo o ser do ente".

            Porém, como é, como se produz este enraizamento da obra de arte com a verdade? Esta é a questão do milhão, e aqui, cada professor com seu livreto.

            Na nossa opinião, a obra de arte expressa a verdade de forma simbólica, isto quer dizer que remete a algo que está além do que aparenta. A obra de arte re-presenta algo, apresenta de outra maneira as coisas como se dão ao olhar vulgar, a transcende. Inclusive a arte não-figurativa, não-representativa, apesar da intenção de seus representantes também representa. Ao menos tenta ser a representação da não representação. E dado que a arte como todo símbolo é um signo arbitrário, (cada pintor pinta o mesmo porém distinto) que se distingue do sinal que é um signo natural, ex. a nuvem é sinal de chuva. E como a captação do símbolo só é possível por analogia, de igual modo, o acesso à obra de arte se realiza pelo mesmo meio, de modo indireto.

            Devido a seu caráter simbólico é que a obra de arte vincula o singular com o universal, o contigente com o necessário. É na conhecida definição de Hegel "expressão sensível da ideia", apresenta no sensível o suprassensível.

"Então, na obra de arte não se trata da reprodução dos entes singulares existentes, mas ao contrário da representação da essência geral das coisas" nos diz, por sua vez, Heidegger.

            E na tarefa de compreender a obra de arte como símbolo, em sua decodificação intervém a hermenêutica, a ciência da interpretação, onde se destaca o agudo filósofo mexicano Mauricio Beuchot: "Se a hermenêutica tem tido o trabalho de aproximar e quase combinar a compreensão e a explicação aplicada às obras de arte,  faz com que elas nos deem uma compreensão (um sentido), mas, também, uma explicação (uma referência). Põe-se diante de nosso intelecto algo que dá um sentido e uma referência sobre certos aspectos humanos que são universais".

            Assim quando ante a obra de arte, belo pelos sentidos, sobretudo a visão e a audição, poderemos gozarmos compreendê-la sem perder a referência, chegamos à representação plena, ao unir em um só ato compreensão e explicação.

            Existe além do acesso intelectual à obra de arte, uma aproximação emocional que se localiza no observador. O esplendor, se aprecia sobretudo nas grandes obras de arte, que se traduzem em comoção do observador. A obra de arte o leva para fora da trivialidade, da cotidianidade, nos transporta a outro mundo, mais transcendente ou mais profundo. Isto Aristóteles chamou καθαρσις, catharsis. Claro que ele o deu uma conotação moral como expurgo das paixões. Porém, o fato é que uma obra de arte se valora por sua maior ou menor comoção. Pensemos nos efeitos da Antígona de Sófocles que morre em desafio ao poder político por ser fiel à lei divina e à piedade fraterna. Ou como nos comove uma sinfonia, um quadro, uma escultura, um filme, uma dança bem dançada e as centenas de expressões estéticas quando estão acabadas, quando são perfeitas.

            A própria ideia de mundo se define primeiramente pelo belo, pois tanto mundus como cosmos significam isso. Todavia, hoje falamos de cosmética ou arte de fazer belas as mulheres ou do imundo como o sujo e o feio.

            E quando o mundo nos mostra sua beleza? O faz no grande belo, que caracterizamos como o sublime: um pôr-do-sol, um pico nevado, uma cachoeira, o mar "como um vasto cristal prateado", o pampa, "essa vertigem horizontal", da qual nos falava Drieu la Rochelle.

            Porém Platão não só se limitava à vinculação transcendental, isto é, além de toda categoria entre a beleza e a verdade, mas que também incorporava o bom com sua ideia de kalokagathia, isto é, o somatório de kalós (o belo) e agathós (o bom). E assim o expressa n'O Filebo: "a potência do bem refugia-se na natureza do belo".

            Tudo isso nos leva aos abismos mais insondáveis da metafísica, pois caímos no tratamento dos transcendentais do ente ou os horizontes do ser de que nos fala hoje, Engen Fink, grande colaborador de Heidegger. Assim aos quatro horizontes clássicos do ser que dominam a filosofia antiga, medieval, moderna e, em alguns casos contemporânea, on, ens, ente - en, unum, um - agathón-bonum-bom e alethés-verum-verdadeiro, devemos agregar em nossos tempos o kalós-pulchrum-belo.

            A ideia é que chegado o ser à plenitude de sua realização, tanto nos entes como nas ações, todos eles se convertem entre si.


Bom, porém, isto já é tema para um tratado. 

Alberto Buela


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Traduzido por: Breno Costa
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Por Cristo, pela Pátria herdada de nossos maiores, pela Família: Anauê!

sexta-feira, 9 de setembro de 2016

Mussolini, visto por Primo de Rivera

José Antonio Primo de Rivera
e
Benito Mussolini
O homem é o sistema, e esta é uma das profundas verdades humanas que volta a colocar em valor o Fascismo. Todo o século XIX se gastou em idealizar máquinas de bom governo. Tanto como propôs a máquina de pensar ou de amar. Nenhuma coisa autêntica, eterna e difícil, como é o governar, a máquina pudera fazer; sempre tem que recorrer na última hora a aquele que, desde a origem do mundo, é o único aparato capaz de dirigir os homens: o homem. Quer dizer: o chefe. O Herói.

Os inimigos do Fascismo percebem essa verdade pelo avesso e fazem seu argumento de ataque. “Sim —reconhecem—; Itália há ganhado com o fascismo; mas, e quando morrer Mussolini?”. Creem dar com isso um golpe decisivo no sistema, como se houvesse algum sistema com a eternidade garantida. E, sem embargo, é o mais provável que —quando morrer Mussolini— sobrevenha para Itália um momento de inquietação; mas um momento único; o sistema produzirá —com afloramento mais ou menos laborioso outro chefe. E este chefe voltará a encarnar o sistema para muitos anos. Mas ele (Duce, condutor) seguirá a fé de seu povo, em comunicação de homem a homens, nessa forma de comunicação elemental, humana e eterna que vai deixando seu rastro por todos os caminhos da História.

Eu vi de perto Mussolini, uma tarde de outubro de 1933, no Palácio de Veneza, em Roma. Aquela entrevista me fez entender melhor o fascismo da Itália que a leitura de muitos livros.

Eram as seis e meia da tarde. Não havia no Palácio de Veneza, a menor indício de agitação. Na porta dois milicianos e um porteiro pacífico. Eles disseram que penetrar no Palácio onde trabalha Mussolini é mais fácil que ter acesso a qualquer Governo civil. Apenas ensinei ao porteiro o escritório que eu citei, isso me fez chegar por grandes escadarias silenciosas a ante-sala de Mussolini. Três ou quatro minutos depois se abriu a porta. Mussolini trabalha em um salão imenso, de mármore, sem ou escassa mobília. Lá, em um canto, no outro extremo da porta de entrada, estava atrás de sua mesa de trabalho. Se via ele de longe, só, na imensidade do salão. Com uma saudação romana e um sorriso aberto me convidou para mais perto. Avancei não sei durante quanto tempo. E, sentados nós dois, o Duce começou sua conversa comigo.

Eu o havia visto em audiência pública, anos antes, quando fui recebido com vários alunos da Universidade de Madri. À parte, como todos os habitantes do mundo, o conhecia pelos retratos: quase sempre em atitude militar, em saudação ou discurso. Mas o Duce do Palácio de Veneza era outro distinto: com prateado no cabelo, um ar sutil de cansaço, com certo elegante descuido em sua roupa civil. Não era o chefe dos discursos, mas o da maravilhosa serenidade. Falava lentamente, articulando todas as sílabas. Teve que dar uma ordem pelo telefone e a deu em tom mais tranquilo, sem por a voz no menor traço autoritário. As vezes, quando alguma de minhas palavras o surpreendia, jogava sua cabeça para trás, abria os olhos desproporcionalmente, e por um instante mostrava, rodeadas de branco, suas pupilas escuras. Outras vezes sorria com calma. Era notável sua aptidão para escutar.

Falamos coisa de meia hora. Logo me acompanhou até a porta, através do imenso salão. Não é de grande estatura; já não tem, se alguma vez a teve, a erguida postura de um chefe de milícias; antes, bem, suas costas começam a encurvar-se ligeiramente. Ao chegar nós dois a porta me disse com uma calma paternal, sem sombra de ênfases:

Te desejo as melhores coisas, para você e para Espanha.

Logo se voltou para sua mesa, lentamente, a retomar a tarefa em silêncio. Eram as sete da tarde. Roma, acabadas as atribuições do dia, se derramava pelas ruas sob a aconchegante noite.O Corso era todo movimento e falar, como as ruas de  Alcalá por essas horas. As pessoas entravam nos cafés e nos cinematógrafos. Se dizia que só o Duce permanecia, laborioso, junto a sua lâmpada, no canto de uma imensa sala vazia, velando por seu povo, pela Itália, a que escutava palpitar desde ali como a uma filha pequena.

Que aparato de governar, que sistema de pesos e balanças, conselhos e assembleias, pode substituir a essa imagem do Herói feito Padre, que vigia junto a uma luzinha perene o desejo e o descanso de seu povo?
—JOSÉ ANTONIO PRIMO DE RIVERA


Il Fondatore Dell'Impero, Gerardo Dottori (1936)




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Digitalizado e traduzido para Português por: Lucas Gustavo Boaventura Martins.
(Perdoem-me, eventuais erros.)


Retirado de: [MUSSOLINI, Benito. El Fascismo. Su doctrina, fundamentos y normas legislativas en el orden sindical corporativo, económico y político. Prólogo y Epílogo de José Antonio Primo de Rivera y Julio Ruiz de Alda. Versión española por V.P.S. Ed. Librería de San Martín, 6,Puerta Del Sol,6, Madrid. Pág's 11-14]

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*Para fins de Estudo. Sou Integralista e bem sei que o Integralismo não é Fascismo e nem defende o Estado Totalitário, apresentar o Fascismo, mesmo sobre visões que o positivem é uma forma de Estudo e, dá base para citações que o diferenciem do Integralismo e dos aspectos filosóficos que são nossas bases.

Por Cristo e pela Nação: Anauê!

terça-feira, 23 de agosto de 2016