quarta-feira, 22 de junho de 2016

Panfleto da Frente Negra Brasileira, por Arlindo Veiga dos Santos

MEUS IRMÃOS NEGROS!
VIVA A RAÇA!
Volto a falar-vos, meus irmãos Negros, meus irmãos Frentenegrinos, por ver que mais uma vez o vosso nome de Negros que é uma bandeira de glória dentro do Brasil entra a ser explorado por aqueles que, vendo em vossa força de amor e de nacionalismo uma bandeira para ambições pessoais, querem fazer-vos instrumentos de ascensão no campo político e talvez econômico e, vendo nos verdadeiros trabalhadores da Causa um empecilho para suas inconfessáveis segundas intenções, desejam afastar da direção a esses homens operosos que mourejam a bem de vós, como tendes visto, seguido e observado, se não pertenceis aos grupos esquineiros que conversam fiado mas não resolvem nada, criticam mas não constroem.
Negros Frentenegrinos!
Não vos sujeiteis novamente a ser capachos de ambiciosos, ou capangas braçais ou intelectuais, pois já sofrestes demais com as explorações partidárias dos que somente desejam a vossa força (como nos ominosos tempos da República Velha) para as horas amargas e vos afastaram sempre das horas de alegria e da vitória. Não permitirá mais tal esbulho, tal miséria, tal infâmia, a legião pequenina, porém destemorosa dos que atualmente dirigem a FRENTE NEGRA BRASILEIRA, trabalhando sem vaidade, sem fitos interesseiros, sem paga outra que não seja a vossa felicidade que é a felicidade de todos nós, membros pobres, mas gloriosos da gloriosa Gente Negra Brasileira, honra do nosso Brasil.
Negros Patrícios!
Não vos submetais aos que vos querem vender qual mercadoria fácil e indefesa.
Somos hoje, graças a Deus, independentes e livres dentro da nova ordem de coisas estabelecida pela Revolução de Outubro.
Quando demos apoio à Ditadura, ao Exército Nacional na pessoa do Sr. General Góes Monteiro e quando apoiamos o programa do Clube 3 de Outubro, não foi, não, para sermos de novo escravos como desejam alguns que nos querem coarctar a liberdade, que nos querem vender aos interesses particulares: foi porque vimos que a Nação estava ameaçada pela voracidade dos partidistas ambiciosos, dos separatistas e bairristas e também dos internacionalistas, inimigos da Unidade da Pátria que é em suma parte obra dos Nossos Avós Africanos e Bugres, inimigos esses que acodem pelo nome nefando e criminoso de comunistas, quase todos estrangeiros, cujo jugo altiva e violentamente repelimos, quer se escondam sob o manto de “salvadores” dos operários cosmopolitas, quer se esgarcem sob o título suspeito de amigos de lutas... de classes.
Gente Negra!
Os Negros que se arregimentam debaixo da bandeira da F.N.B. não estão com ninguém se nos quiserem explorar! Não! Os Frentenegrinos verdadeiros estão com o Brasil, e só por ele se justifica e justificará qualquer aliança que haja de haver de nós com os outros nossos Patrícios.
Tudo quanto se diga contra nós é mero pretexto para nos impugnar esta atitude que nem todos tem a coragem de tomar. Invente-se, calunie-se, aumente-se com o telescópio infame a leveza dos nossos pecados (se é que os temos). Intrigue-se, mas nunca se esqueça de acrescentar as verdadeiras razões por que essas invenções, essas calúnias, essas intrigas se assoalham!
Negros de S. Paulo! Negros do Brasil!
Vós que trabalhais conosco e que estais todos os dias em nossa sede central e seguis passo a passo o nosso incansável labor, alerta contra os patrícios indignos  despeitados e que vivem apregoando prestígio em vosso nome quando nem convivem convosco, nem sabe as dores que me contais, que nos contais todos os dias. Vinde ver de perto a nossa obra se a desconheceis. E, se a não ignorais, fazei justiça aos justos e aos injustos.
São Paulo, 4-5-1932
Arlindo Veiga dos Santos

Presidente Geral da F.N.B


Panfleto Original




Arlindo Veiga dos Santos, também fundador da Ação Imperial Patrianovista Brasileira.

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Digitalizado por: Lucas Gustavo Boaventura Martins

Fonte: http://www.usp.br/proin/inventario/detalhe-panfleto.php?idPanfleto=49

Por Cristo e Pela Nação: Anauê!

domingo, 19 de junho de 2016

A Divisão Territorial Portuguesa - Luís Chaves

Livro que aborda, brevemente, a divisão territorial portuguesa sob o olhar da Acção Realista Portuguesa, publicado em partes nas suas revistas e agora compilado:



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sábado, 18 de junho de 2016

Acção Realista Portuguesa - Revistas Quinzenais e Mensais, Anos I, II e III

A Acção Realista Portuguesa foi uma instituição monárquica Portuguesa "derivada" do Integralismo Lusitano, pouco conhecida no meio da “Terza via”, obrou por um Portugal melhor, obediente a El-Rei.

Suas revistas são excelentes fontes de conhecimento ainda nos dias de hoje, não só quanto a defesa da Verdadeira Monarquia, a Monarquia Orgânica, como do Corporativismo.




Segue o Link para fazer o download de suas intrigantes e excelentes revistas: 


quinta-feira, 16 de junho de 2016

Mensagem da Acção Realista Portuguesa a Sua Majestade El-Rei

Mensagem da Acção Realista Portuguesa a S.M. El-Rei




Esta Mensagem que a Ação Realista Portuguesa enviou a El-Rei, num momento indeciso da Causa Monárquica, é um documento de coragem honesta e desassombrada. Ficará na história política do nosso tempo como a afirmação energética duma idéia nacional que tendo como único objetivo o interesse da pátria, não hesita, não quebra, não emudece, mas segue para a frente, dominadora e irresistível.
Houve pessoas graves que censuraram o nosso ato, como se nós tivéssemos cometido uma irreverência. Julgaram-nos rebeldes, insolentes, insensatos. O interesse que essa Mensagem produziu atemorizou-as... E de ombros encolhidos, num desânimo taciturno, essas pessoas pacatas foram lamentar-se para o cavaco ameno da esquina e do serão familiar...
Que queríamos nós? Que queremos nós?
Que as palavras do Rei sejam respeitadas e as suas ordens obedecidas. Que a autoridade do Rei seja restaurada em toda a sua plenitude, de acordo com a Nação livre, desintoxicada dos venenos liberais e parlamentares.
Que a Causa Monárquica, como causa nacional, siga a expressão política da revolta e da vitalidade desperta do país.
Esta Mensagem ficará a marcar uma época. É um documento que interessa o país porque revela a luta de idéias para restabelecer o verdadeiro conceito de Soberania e de Nação. Sinal desse combate de doutrinas, no seu acento firme e energético podemos auscultar a marcha vitoriosa duma idéia que já hoje se transformou numa força animadora, numa energia profunda de revolta.
Publicamo-la num momento decisivo para a Nação. As razões da nossa existência coletiva estão agora lucidamente projetadas.
A ditadura atual parece, antes de tudo, um exame de consciência. Mas que esse exame seja acompanhado pela serena análise da Inteligência, que esclarece e ilumina.
A necessidade da Monarquia impõe se ao interesse nacional. Mas os próprios fatos políticos encarregaram-se de colocar o problema monárquico no seu verdadeiro prisma. Que Monarquia poderá resgatar Portugal? A democrática, com caciques e parlamento, com partidos e a anarquia política e econômica? Essa está condenada e acompanha ao seu túmulo a república parlamentar.
A Monarquia, que o país espera, é aquela que possa unificar e disciplinar e construir novos quadros em que se integrem, numa vitalidade fecunda, todas as forças nacionais, que o parlamentarismo inutiliza e desconhece.
Eis por que esta Mensagem tem neste momento uma eloquente atualidade.


SENHOR!

Absoluta e inalteravelmente fiel a Vossa Majestade, a Quem tem servido e a Quem está servindo, neste momento, com a maior lealdade, a Ação Realista Portuguesa, tendo estudado atentamente todas as circunstâncias que cercam e caracterizam a situação da Causa que Vossa Majestade representa, entendeu do seu dever falar a Vossa Majestade, de modo que todos ouçam, porque o problema interessa profundamente e superiormente à Nação inteira.
Estão, neste momento, em jogo, o prestígio e a autoridade de Vossa Majestade.
A Ação Realista Portuguesa que, porque é realista, tem o culto do princípio da Realeza, vem colocar-se toda unida e inspirada pelos mesmos sentimentos de devotamento e sacrifício ao lado do Rei, para que este, na hora torva de lutas inconfessáveis que atravessamos, veja que não está sozinho, e pelo que nos diz respeito, é mesmo Rei livre e magnificamente integrado no Interesse nacional.
Nós batemo-nos por princípios — pelo princípio monárquico na sua máxima pureza e na sua plena integralidade. E porque Vossa Majestade, tão irrepreensivelmente representa e consubstancia esse princípio, nós batemo-nos pelo Rei, e aqui estamos a afirmar-Lhe a nossa incondicional solidariedade, estranhos a quaisquer considerações que não sejam as sagradas e legítimas considerações do Prestígio da Realeza, da Autoridade do Rei e do Interesse da Pátria.
As coisas são o que são, e não o que nós queremos que elas sejam. As realidades valem mais do que as palavras e do que as afirmações.
Ora a realidade, a triste realidade, é que a chamada Causa monárquica era apenas uma tabuleta, um rótulo a abrigar uma mistura inconvertível de monárquicos e de não-monárquicos. Sob a veste ilusória da Unidade da Causa, viviam os sentimentos mais opostos, as opiniões mais irredutíveis. Caminhava-se às cegas, numa noite profunda, para um futuro de trevas. Caminhava-se para uma restauração, que seria apenas um golpe de audácia a abrir um espaço totalmente vazio, a iniciar uma era cheia de dúvidas interrogações e mistérios. Ia se arrastar a Nação para uma aventura envolvida em bruma, da qual ninguém sabia o que sairia, a não ser esta palavra vaga que nada significa: a Restauração. Espalhava-se por toda a parte a teoria insensata de se caçar primeiro o urso — como se a Restauração da Monarquia fosse um incidente desportivo.
Caçar primeiro o urso... E depois? Depois cairíamos uns sobre os outros, a procura cada um de nós dos nossos destinos, tratando de descobrir o melhor meio de salvar a Pátria. Devia ser bonito e edificante o espetáculo! Que se diria do General em chefe que desencadeasse a batalha, antes de ter elaborado o plano das operações? Que se diria do cirurgião que abrisse o corpo doente, antes de saber o que havia de fazer? Caçar primeiro o urso, isto é, destituir o regime republicano, antes de se saber o em que consistiria a Monarquia proclamada, era atirar o país para um abismo sem fundo.
Essa situação, conveniente aos que são monárquicos por birra ou por incompatibilidade com os republicanos, era irremediavelmente nefasta à Nação e a Vossa Majestade. Nós não somos monárquicos por despeito, nem por incompatibilidade com os republicanos. Nós somos monárquicos, porque o interesse nacional impõe a Realeza, porque esta serve, como nenhuma outra forma de governo o interesse da Nação. Nós somos monárquicos, porque, enquanto a República é o regime dos partidos, a Monarquia é o regime da Nação. Por isso nós nunca vimos com prazer essa situação da chamada Causa monárquica que vivia consagrando oficialmente o princípio perigoso da ausência legítima de idéias, quanto ao futuro da Monarquia.
Vossa Majestade, na compreensão magnífica das suas altíssimas funções, na consciência plena das suas responsabilidades perante a história, no propósito evidente de afirmar a sua vontade e na decisão admirável de nos conduzir, reconheceu o perigo da situação, viu o cataclismo para que se caminhava, a aventura misteriosa que se nos abria diante dos pés, e falou as palavras audazes e fortes, não como Rei Constitucional, simples chancela de leis e decretos, simples figurante inerte duma comparsaria inútil— mas como Rei livre, cônscio do seu dever, senhor de suas ações, e Chefe, não de um Estado inorgânico, mas de uma Nação hierarquizada.
Falou, e todos nós O ouvimos.
No campo republicano, foi o clamor estrepitante de cólera. No campo monárquico, houve imediatamente, a par de aplauso febril e entusiasta de uns, a reserva, a frieza, a dúvida, o espanto, o mau humor de outros.
Todos aqueles que anseiam por uma Monarquia integralmente católica, integralmente monárquica, e integralmente nacionalista, aplaudiram calorosamente as palavras de Vossa Majestade. Todo esses aclamaram o Rei, porque sentiram que a mão de Vossa Majestade os conduzia à vitória. Mas aqueles que, envenenados pelo liberalismo corruptor e desorganizador, sonham ainda a Monarquia da Igreja serventuária do Estado, e elemento de galopinagem eleitoral, a Monarquia do Rei servo dos partidos e das facções e das conjuras dos corredores parlamentares, alvo preciso das objurgatórias insolentes dos tribunos do Parlamento, a Monarquia inspirada ocultamente pelo Maçonismo internacionalista — esses começaram logo por exigir que as palavras de Vossa Majestade não viessem todas a público, e que o Pensamento de Vossa Majestade fosse amputado ou disfarçado.
Porque o exigiram, Senhor!
E exigiram-no, ameaçando! Exigiram-no, impondo a sua influência de caciques ou a sua bolsa de argentários! Exigiram-no faltando ao respeito ao Rei, censurando o Pensamento do Rei, permitindo-se a louca suposição de que interpretam melhor o interesse nacional, do que Vossa Majestade!
O Lugar-Tenente de Vossa Majestade, que tão admiravelmente cumpriu nesta conjuntura, sem traís, o Pensamento do seu Rei, sem desobedecer às instruções que Vossa Majestade lhe dava, fez quanto possível por acalmar as impertinências revoltantes dos que assim procediam, e suprimiu da Mensagem de Vossa Majestade duas ou três expressões mais características, que os partidários do Liberalismo consideravam ofensivas da sua sensibilidade.
Perante esse fato, a Ação Realista Portuguesa protestou junto do Lugar-Tenente de Vossa Majestade, sendo informada, nesse momento, dos seus propósitos de publicar um artigo interpretativo do Pensamento Régio, o que efetivamente fez, e no qual afirmava às gerações novas de Portugal que a Monarquia que El-Rei preconizava, era a Monarquia dos seus sonhos.
O órgão oficioso da Causa Monárquica manteve o mais absoluto silêncio, quer em relação à Mensagem de Vossa Majestade, quer em relação ao artigo do Lugar-Tenente. De jornais republicanos, caíam sobre Vossa Majestade críticas, censuras e calúnias. E o órgão oficioso da Causa monárquica não tinha uma palavra em defesa de El-Rei, nem uma letra, nem uma vírgula! Jornais monárquicos deturpavam claramente o Pensamento de Vossa Majestade. E o órgão oficioso da Causa — mudo e quedo.
Diante desse espetáculo degradante, a Ação Realista Portuguesa declarou ao Lugar-Tenente de Vossa Majestade, que ou a situação se modificava ou ela abandonava os seus lugares no Conselho Político. O Lugar-Tenente de Vossa Majestade abriu então as colunas do Correio da Manhã á colaboração da Ação Realista, para a defesa e comentário da Mensagem de Vossa Majestade confirmando o verdadeiro pensamento de El-Rei. Ante as declarações e instruções peremptórias do Lugar-Tenente, convocou-se a reunião extraordinária do Conselho Político, para que ele tomasse conhecimento daquilo a que se chamava a «nova orientação da Causa monárquica», encarrega-se mesmo o leader da Câmara dos Deputados de participar aos seus parlamentares essa «nova orientação.»
Entretanto a Ação Realista Portuguesa publicava no Correio da Manhã, e sob a sanção do Lugar-Tenente de Vossa Majestade, três artigs defendendo El-Rei, e exaltando a sua Mensagem. Esses três artigos eram uma espécie de prefácio à série projetada, e autorizada por Quem de direito, de comentário minucioso a cada um dos passos fundamentais da Mensagem de 27 de Fevereiro.
O fato de o Correio da Manhã estar publicando artigos em defesa de Vossa Majestade despertou mais ainda os arraiais monárquicos. E surge a reunião extraordinária do Conselho Político, convocada para que este tomasse conhecimento da «nova orientação» da Causa Monárquica.
Porque cumpre, Senhor, nunca esquecer que o Conselho Político foi convocado extraordinariamente para tomar conhecimento daquilo a que se chamava a «nova orientação» da Causa Monárquica, tal como a definira o Lugar-Tenente de Vossa Majestade, nas instruções que dava para que a Ação Realista defendesse e comentasse a Mensagem régia, e nas expressões que empregara na sessão da Comissão Executiva de que saiu o pedido de convocação do referido Conselho. A Ação Realista constatou, logo de entrada, porém, que se fora convocado para tomar conhecimento da «nova orientação» da Causa Monárquica, o Conselho estava reunido para fins muito diversos dos que tinham provocado o pedido de convocação.
A Ação Realista viu que a maioria do Conselho era constituída, não por monárquicos que sabem o que seja ser monárquico, mas por monárquicos deficientes que entendem que o Rei deve obedecer aos seus caprichos, às suas impertinências, às suas vaidades e aos seus interesses! A Acção Realista ouviu expressões e conceitos que a habilitam a dizer a Vossa Majestade, com dor e franqueza, que com aqueles monárquicos, antes o exílio com as negras saudades da Pátria, para que não lhe aconteça, Senhor, vir encontrar na Pátria amarguíssimas saudades do exílio...
A Ação Realista, inteiramente disciplinada em volta do Rei, fazendo muralha em redor de Vossa Majestade, absolutamente integrada no espírito da Mensagem de 27 de Fevereiro, e fielmente obediente ao Pensamento que essa Mensagem traduz, não quere ser solidária, Senhor, e não o é com a decisão grave do Conselho Superior da Política monárquica de 27 de Março, constante do número 2 da moção lá aprovada, porque essa decisão, além de constituir a reprovação da atitude do Lugar-Tenente efetivo de Vossa Majestade, traduz insofismavelmente o repúdio do Pensamento de El-Rei, e da doutrina da Sua Mensagem.
Sob a redação, aparentemente inofensiva, desse número 2 da moção que proclama a «mais estrita neutralidade do órgão oficioso da Causa em relação à doutrina de cada uma» das correntes doutrinárias nela existentes, está a punhalada covarde, com que o Liberalismo da Causa Monárquica feriu a magnífica Mensagem de El-Rei.
Todo o Prestígio de Vossa Majestade se afunda, sob as palavras dessa resolução. Toda a Autoridade Pessoal e Real de Vossa majestade é desfeiteada pelos propósitos, que animaram essa resolução.
A Ação Realista Portuguesa tentou evitar o escândalo e o ultrage. Chamou a atenção do Conselho para o que significava aquela reolução arbitrária.
Propôs que se adiassem os trabalhos do Conselho para quando estivesse presente o Lugar-Tenente efetivo. Tudo foi vão. O Liberalismo monárquico estava com pressa. Parecia que a sua preocupação consistia em dar satisfação às reclamações dos órgãos republicanos, e aos apetites dos galopins de eleições.
Não hesitou, portanto, em levar a sua avante, contra as observações e o voto da Ação Realista Portuguesa.
Nessa memorável e tristíssima sessão do Conselho Político, de 27 de março, só a Ação Realista Portuguesa votou por El-Rei, só ela foi fiel a El-Rei, só ela se manteve obediente ao Pensamento e à Doutrina de El-Rei. Tudo o mais prestou homenagem a princípios revolucionários que o maçonismo protege e de que a República é a consagração oficial. Nestas condições, a Causa monárquica, Senhor, é apenas Vossa Majestade, com a sua Mensagem de 27 de Fevereiro, tal como foi lida, com o seu Pensamento, tal como foi nela formulado, com as suas Aspirações, tal como estão nela definidas, e a Ação Realista Portuguesa, como todos os monárquicos absolutamente integrados no Pensamento, na Doutrina e nas Aspirações de Vossa Majestade. Entre Vossa Majestade e a Ação Realista Portuguesa, só há a distância que vai do Rei aos súditos e do Chefe aos soldados. De resto somos, pelo Pensamento, pela Doutrina e pelas Aspirações, um só Espírito e uma só Vontade. O que Vossa Majestade pensa, pensamo-lo nós; o que vossa Majestade quere é o que nós queremos!
E, porque assim é, aqui estamos, Senhor, a denunciar a mentira da chamada Causa Monárquica, não em segredo, ao ouvido de Vossa Majestade, como se praticássemos um ato censurável, mas diante do país inteiro, para que o país inteiro julgue os acontecimentos, e faça inteira justiça ao altíssimo critério de Vossa Majestade. Nesta atitude desassombrada de dedicação incondicional a Vossa Majestade, nós prestamos um inegável serviço à Nação, porque desmascaramos aqueles que, à sombra de Vossa Majestade, andavam tecendo uma nova obra de discórdia e desgraça.
Rompemos com esta franqueza e esta clareza, as hostilidades, desligamo-nos, por completo, de qualquer cooperação com o Conselho Político da Causa, prescindimos da colaboração que nos foi oferecida no Correio da Manhã, pois no-la condicionavam, não nos deixando exaltar e comentar a Mensagem de Vossa Majestade, — porque não somos solidários com adversários de El-Rei, com aqueles que querem sobrepôr-se ao Rei, e pretendem que Vossa Majestade seja um frágil manequim nas suas mãos e sirva suas ambições.
Com monárquicos que ainda estão na fase primitiva e caquética do Rei primeiro funcionário público de seu país, do Rei poder moderador, e quejandas sensaborias mofosas, e que ainda por cima se permitem o desejo de tutelar El-Rei, de julgar o Seu Pensamento, e de opôr reservas à Sua Doutrina — não, não e não!
Sós com El-Rei, ficamos muito bem. Se ficássemos com eles, ficávamos muito mal!
Pretendem eles justificar a sua atitude, afirmando que o Rei é Rei de todos os monárquicos, e não pode e não deve, portanto, ter idéias e doutrinas, pois que as doutrinas e idéias dos monárquicos de que é Rei, não são uniformes. Argumento infantil, para não lhe chamarmos pior, e que revela bem os estragos que, na inteligência, fez o cancro liberalista. Se o argumento fosse de receber, Vossa Majestade nem monárquico devia ou podia ser. Se Vossa Majestade é Rei de todos os portugueses, e se nos portugueses há, pelo menos, monárquicos e republicanos, Vossa Majestade, não pode ser monárquico, porque é colocar-Se contra os republicanos. Mas, se Vossa Majestade pode ser Monárquico, sem que isso o iniba de ser Rei de todos os portugueses, porque não há de Vossa Majestade poder ser o Rei, que a sua Mensagem revela, sem que isso o impeça de ser Rei de todos os monárquicos?
Ah! Senhor! Temos a impressão de que essa Monarquia Liberalista, que abriu os túmulos, que encerram os cadáveres de El-Rei D. Carlos e do Príncipe Real, e levou Vossa Majestade para o exílio, não aprendeu nada com estes quinze anos de calvário republicano. É ainda a mesma, com as suas ameaças, com as suas conjuras, com as suas vaidades tolas e com as suas inépcias vaidosas.
Mais do que nunca, nós sentimos o orgulho forte de nada querermos com ela. E aos homens, que querem restaurá-la sob qualquer disfarce que nos exibam, nós consideramo-los tão adversários de Vossa Majestade como os partidários do regime republicano.
Porque se, até 27 de Fevereiro, a Causa Monárquica, pela ausência duma Doutrina e de um Pensamento, era uma entidade amorfa, gelatinosa, capaz de todas as formas,  desde o dia 27 de Fevereiro passou a ser alto de mais alto, de mais belo, de mais fecundo e de mais altivo: passou a ser uma idéia. Da palavra vã — Monarquia, passou a ser a expressão viva e vigorosa — Monarquia Nova, Católica, Tradicionalista.
Antes de 27 de Fevereiro, a pergunta de todas as bocas — que quere a Monarquia? Só era lícita uma resposta: o Poder. Depois de 27 de Fevereiro, essa pergunta só uma resposta comporta: salvar a Nação!
E Vossa Majestade, que tão profundamente alterou a situação da Causa Monárquica, transformando-a duma coisa apática e antipática num organismo cheio de vida e de futuro, em vez de encontrar à sua volta, numa aclamação unânime, todos os monárquicos, — que vê, Senhor?
Vê nos a nós, rodeando-O e aplaudindo-O e vê os representantes do Liberalismo, os defensores do Constitucionalismo, erguidos contra Vossa Majestade tentando, primeiro, ocultar o seu Pensamento, procurando, depois desvirtuá-lo, e, por fim, chegando ao cúmulo de o condenar.
Não! Senhor! Nós somos contra o Conselho Político — e por Vossa Majestade! Nós somos contra o Liberalismo Monárquico — e por Vossa Majestade! Nós somos contra os influentes eleitorais — e por Vossa Majestade! Nós somos contra os censores do Pensamento de El-Rei e por Vossa Majestade! Nós somos contra tudo que cerceie o livre procedimento de Vossa Majestade e embarace o seu Pensamento, e desvirtue a sua Doutrina e abafe a sua Mensagem de 27 de Fevereiro — porque somos por El-Rei Livre —livre como Rei e livre como Chefe!
Essa Mensagem, Senhor, é a Carta de Alforria do Pensamento Monárquico. Vivia este escravizado a fórmulas, a mentiras, a preconceitos, a superstições e habilidades. A medo se manifestava. Hesitante se afirmava. Mas Vossa Majestade, com a sua Mensagem, quebrou as cadeias, que prendiam, ergueu-o do ergástulo nefando em que ele jazia, trouxe-o para a luz do sol, para o ar vivificador, e para Vida, e para a Luta, e disse-lhe, com a Sua suprema autoridade de Rei: caminha!
E hoje, Senhor, o Pensamento Monárquico, livre, segue o seu caminho, impetuosamente, devastadoramente, como a corrente avassaladora dos grandes rios. Nada o deterá já, Senhor, nada! O Pensamento Monárquico, liberto pelas mãos augustas de Vossa Majestade, segue avante à conquista do futuro. É o Pensamento de Vossa Majestade que o ampara; é a Mensagem de Vossa Majestade que lhe serve de estandarte animador...
E agora?
O Lugar-Tenente de Vossa Majestade o disse: — «é andar para diante. O caminho está traçado.»
Abrindo os braços a todos os que respeitem o Pensamento de Vossa Majestade, e nele se integrem, venham donde vierem — encaremos o futuro. Percamos o amor aos Inúteis e aos Cadáveres. Deixemos ficar os primeiros na contemplação espasmódica da sua própria sombra, arrumemos os segundos à beira da estrada, para que neles não tropecem as gerações que chegam, ansiosos de vida e de vitória. Desembaraçado de uns de outros, Vossa Majestade tem toda a força para realizar a Unidade Integral da Monarquia, proclamando sua Alteza Real o Senhor D. Duarte Nuno, Herdeiro Presuntivo da Coroa, encerrando dess'arte, o ciclo de desarmonia que o século dezenove abriu. Bem sabemos nós quão intimamente e sinceramente Vossa Majestade deseja a concórdia dinástica, e quão incansavelmente se tem dedicado a cimentá-la em  bases indestrutíveis. Realizada a Unidade Dinástica, a Unidade Monárquica é uma realidade insofismável, porque o Pensamento de Vossa Majestade é a síntese perfeita das aspirações nacionalistas de Portugal.
Condenando a Democracia, confirmando a falência do Sistema Parlamentar, baseado no Sufrágio Universal e no voto político, manifestando que só o escrúpulo da sua consciência de católico prende Vossa Majestade à Carta Constitucional, dirigindo-se aos Novos, cujas aspirações Vossa Majestade muito bem conhece, e precisando as bases da Monarquia futura, Vossa Majestade oferece-nos, em substituição da Monarquia falsificada, da Monarquia republicana, da Monarquia de origem estrangeira do regime liberal — a pura Monarquia portuguesa, a Monarquia Nova, Católica, Tradicionalista, a Monarquia dos Municípios e dos Sindicatos, das liberdades corporativas e das franquias locais — quer dizer, a Monarquia orgânica, antiparlamentar, autoritária, do poder Pessoal do Rei e das Cortes Gerais Tradicionais da Nação.
E para essa Monarquia, Senhor, em que Rei reina e governa como, em sete séculos da história de Portugal, reinaram e governaram os Reis de Portugal, para essa Monarquia isenta do Pecado Liberal, fonte da anarquia em que o País hoje se debate, para essa Monarquia que Vossa Majestade preconiza, e que constitui o seu ideal de Rei — para essa Monarquia, Senhor, as gerações novas caminham, certas dos seus passos, e firmes na sua resolução, obedecendo à voz dos Antepassados, e honrando a memória dos que, nestes quinze anos, tem caído na luta em sacrifício generoso.
Há que resgatar Portugal do cativeiro, libertando-o do poder do Demônio, e restituindo-o ao poder de Deus, salvando-o da tirania bruta do Número, e entregando-o à direção responsável das Competências. Ninguém melhor do que Vossa Majestade conhece e interpreta o Interesse Nacional. As suas palavras, as palavras da sua Mensagem de 27 de Fevereiro, são a chave do nosso futuro, e a voz de comando da nossa batalha. Portanto, será Vossa Majestade quem nos conduzirá a essa hora bendita do resgate de Portugal.
A Ação Realista Portuguesa fez-se para servir o Rei e para lutar. Não é um partido que aspira o poder, que a era dos partidos políticos passou. É uma das expressões da grande corrente doutrinária, que empolgou a inteligência moça de Portugal, e a salvou dos erros negativistas e dos preconceitos revolucionários das gerações que as precederam.
Ela fez-se para servir o Rei e para lutar. Temos servido Vossa Majestade, conforme temos podido e temos sabido, sem uma deslealdade, sem um esmorecimento da nossa fé. E temos lutado incansavelmente, mais, as vezes, do que podemos.
É ainda para servir Vossa Majestade que aqui estamos a falar-Lhe sem palavras obscuras, sem pensamentos reservados. E é para lutar que nos declaramos unidos à volta de Vossa Majestade.
Cremos em Deus. Cremos no Rei. Cremos na Pátria. Mas em Deus livre, no Rei livre, na Pátria livre.
Com a ajuda de Deus, venceremos. Porque temos fé em que Deus não queira o sacrifício eterno de Portugal. Venceremos, contra todos os inimigos do Bem Comum, contra todos os adversários do Interesse nacional, porque a volta do Rei, obedecendo ao Rei, servindo o Rei, nós servimos Deus e servimos a Pátria!
Neste dia, Senhor, ao repicar festivo dos sinos, ao esvoaçar leve e branco das pombas, ao cair doce das rosas, ao cantar argentino das vozes inocentes, caem os véus roxos dos altares, enchem-se de vagas de luz as naves dos templos, as mãos erguem-se fervorosas, numa prece, para os Céus, os olhos enchem-se de alegria, de lágrimas abençoadas, e todo o orbe católico brada:
— Aleluia! Aleluia!
Depois do pesadelo da Penitência, da Paixão e do Sacrifício é a Vida que recomeça entra cânticos e flores.
Que nos seja propício este dia, Senhor! Que ele proteja as nossas palavras! que Vossa Majestade, reconhecendo as intenções puríssimas do nosso Ato, não oponha dúvidas ao oferecimento do nosso serviço! Porque, na hora máxima do sacrifício, e da hora sem igual do exercício da Vontade Real, Vossa Majestade só encontrará ao Seu lado aqueles que, como nós, entendem que só conduzem à vitória os Chefes a quem se obedece, e não os Chefes que se discutem.
E agora, Senhor, para glória de Portugal, aqui estamos, lealmente e fielmente às ordens de Vossa Majestade que é o nosso Rei e o nosso Chefe, nós que somos seus soldados obedientes e disciplinados!
Beijamos muito respeitosamente as mãos de Vossa Majestade.


Sábado de Aleluia, 3 de Abril de 1926

PELA AÇÃO REALISTA PORTUGUESA



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Fonte: Revista Acção Realista Portuguesa, Nº 32 — 4 Da 3º Série; ANO III, Outubro de 1926.
Autor não especificado, fala-se em nome do movimento, assina a Acção Realista Portuguesa.
Diretor Interino da Revista: João Ameal.

Digitalização: Lucas Gustavo Boaventura Martins.

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Por Cristo e pela nossa amada terra de Vera Cruz: Anauê! 



quarta-feira, 1 de junho de 2016

O Brazil e as Colônias Portuguesas - J. P. Oliveira Martins

Oliveira Martins fora um grande Português, certamente um dos maiores responsáveis pela ressurreição monarquista portuguesa proclamada pelo Integralismo Lusitano e a Acção Realista Portuguesa, mas não foram apenas os Portugueses que desfrutaram de sua leitura, ele é abundantemente abordado em livros plinianos de grande porte, A Quarta Humanidade é um exemplo desses livros do Integralismo Brasileiro que carrega uma série de citações e estudos do grande português.






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